Meus delírios, divagações, realidades e esquizofrenias, a quem interessar possa. Se viestes até aqui por bem, ego venia divinus indulge. Se por mal viestes, qui unum manus imprecatio divinus indulge. Danger: "Reperio scrobis et doli". Os comentários relativos aos posts deste diário são de responsabilidade dos visitantes, bem como condutas impróprias de clonagem de identidade em outros sites. Dúvidas, reclamações, declarações de amor? Email-me.

31 dezembro 2007

Misery Loves Company

Estou indo. Prá terra do nunca, da garoa e daquela deselegância discreta das meninas. Deixei luz, telefone e iptu pagos. Estrelinhas e fogos lá de cima. De mãos dadas com estranhos no avião cantando a esperança de chegar intactos em 2008. Peguei um estilete e cortei meu coração em alguns pedaços suculentos, levo só o suficiente para continuar batendo, outros distribuo para quem quiser pegar. Celebrem. Volto o ano que vem, se a Tam permitir. Não distribuí cartões, emails nem scraps. Os que eu amo devem saber. Têm o dever.

Pray for me
If you want to
Pray for me
If you care
Pray for me
If you want to
Pray for me
If you dare
Pray for me
If you want to
Pray for me
If you care
Pray for me
If you want to
Pray for me you fucker
If you fucking dare

29 dezembro 2007

Menina contrariada pela vida

Resta a mim só o cavalheiresco dom de assumir o papel de vilã.
As meninas, as especiais, com certeza são melhores. Se divertem.
O que faço com tudo isso, pode me responder? Uma caixa imensa de coisas sem sentido que me deste de presente, que não servem nem pra brincar.
As meninas são mais corajosas. Se divertem. Se doam. As especiais, não essas que eles conheceram. As que eu conheci, escolhi. Não temem a voracidade sutil sem compromisso nem o futuro incerto dos sentimentos transformados. Não se perguntam se irão casar. Nem poderiam.
Melhor ainda que elas, só a imaginação e os sonhos. Os sonhos são sempre mais bonitos, mais brancos e limpos. Sem pecado original, os sonhos nascem absolvidos de qualquer culpa ou correção moral. Esse é o presente de compaixão que ganhamos quando nascemos, a capacidade de dormir e sonhar, sem garantias ou expectativas. O que vem a gente sonha, sem escolher, não tem como, nos envolve de um jeito especial, nos domina, e a gente ali deitada, sem poder fugir, gozando apenas, tremendo, esperando lembrar de tudo quando acordar.
Não me resta só a gentileza de ser a pior, resta também o fútil trabalho de colher os frutos que plantei, ali pendurados meio sozinhos. Colho displicentemente e deixo cair uns no chão, sem nenhuma pena, meio desligada, olhos parados, nenhum pensamento. Sem querer, mas também sem cuidar, esmago com os pés. Outros, mais bonitinhos, levo à boca.
Depois de comer, de qualquer forma, vomito.

Incompreensível

Dessa vez parece que algo faltou a ser dito. Os discretos sinais da expectativa dela, arruinados, podiam ser vistos na maneira como rodava o dedo branco sobre as bordas do copo, os olhos atentos sem entender direito, mas sem tentar muito. Não havia nenhum tremor. Era meio vazio, e portanto, descontentava muito, desapontava. Previsível era algo que não esperava, apenas isso. Não sentia arrependimento das brincadeiras e da alegria boba que deixou transparecer, mas pensava agora numa maneira de ser indiferente, apesar de que não fosse fazer nenhuma diferença, só estaria deixando de rir, só deixando de divertir a sim mesma. Então olha mais uma vez, prometendo ser a última. E continua não lhe dizendo nada, nada. Uma pergunta foi o que mais lhe aborreceu, uma bem comum, que todos faziam a ela, o tempo todo, exigindo explicações, razões ou motivos, que não eram necessários existir, só isso. Decidiu-se por reservar os sentimentos mais vívidos e ardentes, as obcenidades e às imagens lascivas, para si. Juntou os pedacinhos daquelas palavras desconcertantemente picadas nos seus pés e os afogou num novo drinque, um sorriso no rosto, escutando Die Wolken. Tanto faz, repetiu umas duas vezes, sorvendo todas as ternuras deliciosamente rasgadas dentro do copo. Provavelmente arranjaria agora outra forma de foder com tudo, como sempre.

Resgates e ausências

Caíam as primeiras grossas gotas de chuva que tanto eu aguardava depois do intenso calor dessa Porto Alegre. Mas preocupei-me com a estrada, com C, com A e com R, que haviam partido. Aos poucos a voz dentro de casa vai sumindo, resta as latinhas de cerveja na pia e um cheiro de cigarro na sacada.
Conversei com P no msn, perguntas, perguntas e beijos.
De repente G me ligou, assim na madrugada.
Aproveitando-se de um motorista colagem, que não devia estar ali, ela toda sacana, veio me dar um abraço. Pedi um minuto, para tirar a camisola e colocar algo decente, antes de chegarem. Não entendi nada, mas não era hora de perguntar. Ríamos e falavamos sozinha, naquele tom baixo que ninguém mais entende. Falou-me da preocupação do retorno daquele, sabe? Aquele... e fez um sinal com o dedo no nariz. Da confissão do outro que lhe deixou tão triste, mas que não tem porquê, ela sabe que não precisa mais disso. Perguntei se pegou a chave de volta do apartamento e me disse que sim. Não sei não...
Conta-me das pessoas que não lembro mais, mesmo fazendo um grande esforço. Não sobrou quase ninguém. Tem aquela internada e que a mãe cuida do filho. Deprimente. Comento que como lá não tem o que fazer, as pessoas se acabam, assim assim. Rimos lembrando das primeiras tatuagens, há muitos e muitos anos:
Vocês têm permissão dos pais?

Depois, ajoelha-se no chão e com os braços cruzados nas minhas pernas perguntou-me porque a gente demorava tanto tempo assim prá se ver de novo, os olhos um pouco sonolentos. Daí emenda outra pergunta:
"Isso é uma guitarra ou um baixo?"
"É um baixo"
"Tu me dá?"
"A...tá, pode levar"
Olhos de criança.
"Leva também isso, é o case. E o pedestal também, prá deixar em pézinho"
"Amanhã tu vem?"
"Shhhhhh" - olhar de segredo pra colagem não saber, não se convidar, ou sei lá, não entendo.
"Eu te ligo"
"Tá"
Depois que foram, fui fechando as janelas, trocando a roupa e jogando tudo para o chão, liberando a cama. Tinha um travesseiro a menos. 12 olhinhos procuram se acomodar também, é hora de dormir. Acomodo-me, lânguida na cama espaçosa, cuidando para não machucar as costas. Ligo meu telefone novo, o único agora, cortado o fixo, diminuindo as despesas. Pergunto se chegaram bem, já deve ser três da manhã. Falha e desliga. Apago o abajur e deito. Uns 10 minutos depois ele toca e é assustador. Havia uma igreja gótica tocando na escuridão do quarto e tateio rápido para atender e aquilo passar. Tá tudo bem, tomam cervejas. Desligo e penso que essa música na chamada do celular ainda vai me matar.

28 dezembro 2007

Ganhei asas





Negras. Tribais. Ainda imperfeitas. Falta pintar. Mais umas duas etapas...
O Dudu que fez! E ainda encontrei o querido do Porkão, que tá de babá dos felinos do Dudu e da Deise. Eu disse que ligo prá ele em março, haha. Amanhã a Gabi vem dormir aqui. Hoje vi meus amigos partirem para a praia, e eu me recolhi na sombra e na minha casinha, comigo mesma. Lá foram eles... No meu lugar um colchão e as recomendações para não entrarem muito no fundo do mar...
Dá licença que vou comer uva e ver tv.
Tá ardendo um pouquinho...Ui!

26 dezembro 2007

Sem tv. Com msn.

Pessoas normais são estranhas diz:
vc tem muitos dvds? não sei se comprei filme repetido...
Thiane diz:
me fala, ué
Pessoas normais são estranhas diz:
não
Pessoas normais são estranhas diz:
é de chorar
Thiane diz:
chatão
Pessoas normais são estranhas diz:
tu tem filmes tristes?
Thiane diz:
tenho
Pessoas normais são estranhas diz:
qual?
Thiane diz:
não digo
Pessoas normais são estranhas diz:
fala sim
Thiane diz:
na...
Pessoas normais são estranhas diz:
então vou botar fogo no q comprei
Thiane diz:
barbaridade!
Pessoas normais são estranhas diz:
quantos tu tem?

Thiane diz:
pocos
Pessoas normais são estranhas diz:
entao fala os tristes de chorar
Pessoas normais são estranhas diz:
eu só te digo q é da europa
Pessoas normais são estranhas diz:
e preto e branco
Pessoas normais são estranhas diz:
e não tem zumbis
Thiane diz:
então acho que nao tenho.
Thiane diz:
só tenho filmes europeus pretos e branco com zumbis
Pessoas normais são estranhas diz:
eu imaginei

Ensina-me

Fidelidade aos sentimentos e lealdade às pessoas.
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Aaaahhhhh, o amor...
Sórdido embuste pelo qual a natureza nos leva a continuar a espécie...
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É difícil, cada dia mais, tentar se explicar e se entender, porque todas as nossas autodefinições são baseadas numa vida que já vivemos. Então, se escolho ser outra, ou diferente, ou viver de outro modo de repente, não serei mais nada do que fui antes? Será justo comigo ou com os outros?
Eu acho que até posso nos entender olhando prá trás, mas acho que merecemos viver, e talvez a única opção seja olhando prá frente.
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Essa saudade, que me atormenta...
Essa saudade de algo que desconheço, sempre esteve aqui. Às vezes batia numa tarde, sozinha, olhando pela janela. Tinha até um cheiro especial...Transformar-se, por vezes parece tão especial, mas alguém me fala que não, daí a gente diminui de novo, sente-se ridículo. Ser ridículo será a chave da liberdade? Libertar os sentimentos que não se sabe que tem, mas se espera muito, por mais que doa demais, até sangrar, até dar vontade de se cortar devagarinho, devagarinho, mas a minha pele branca fica sempre marcada, até com o beijo do mosquitinho, que ódio, ah, me passa o copo logo.


Aquele a quem você confia seu segredo torna-se senhor de sua liberdade.
(La Rochefoucauld)

25 dezembro 2007

( ) F ( ) M

I thought I'd come by
to see him again
does he mention my age
or is he more in to young girls with dyed black hair?
Does he know what I do and
you'll pass this on, won't you and?
If I asked him once what would he say
Is he willing,
can he play?

24 dezembro 2007

Ceia vegan

20 dezembro 2007

Querer nem sempre é poder

Eu queria voltar uns três anos prá trás. Ou pular um prá frente.
Mas daí as coisas boas que eu fiz e as vidas que me viveram sumiriam?
Eu queria ter insistido em algumas coisas das quais desisti.
Mas daí o otimismo das coisas novas não me arrebataria?
Eu queria ter sido diferente em muitos momentos, principalmentecom os que me amam mais.
Mas daí, será que continuariam me amando assim, ou teriam a chance de amar mais a si?
Eu queria ter pensado mais em mim.
Mas daí quem teria feito o que fiz pelos outros?
Eu queria poder estalar os dedos e ver as coisas consertadas sozinhas, e perceber que tudo passou e as pessoas continuam numa boa.
Mas daí, será que perderíamos a chance de sentirmos os anseios, dores e dúvidas, que fazem sentido para nossa vida continuar, porque se tudo fosse bom, o mal não existiria, e de que adiantaria, sem precisar lutar?
Eu queria mesmo é dormir agora e acordar só lá por fevereiro, de preferência tendo perdido a memória.
Eu não tenho desejo nenhum pro ano que vem. Não sei nem se estarei respirando.
E apesar de toda essa choradeira, tem não sei de onde um otimismo que me faz continuar.
Desejo isso pra vocês, que pelo menos sobre um otimismo maluco.
E que acabe logo este desgraçado dezembro de 2007.

18 dezembro 2007

Sem título

Esse reloginho estúpido continua a me enganar. Nunca, em hipótese alguma, me conta quanto tempo falta para recomeçar. Esqueci as tardes de chuva sozinha, em casa, separando tecidinhos por cores, por padrões, todos meigos, que me tornaram doce. Descobri hoje! Foram os tecidinhos que me deixaram assim, meiga, quietinha, zumbizinha. Ele esqueceu também. Daquelas tardes. Nessa época, tão aqui atrás quase encostando no meu traseiro, ignorei o tempo mas não naveguei, ficamos ali boiando com coletes salva-vidas. Tinha uns espinhos que ficavam fincados no nosso dorso, mais ainda no meu, e por ali uma seiva gosmenta e ordinária começava a passar e entrar pelos meus poros, e os olhos doces e grandes começaram a ficar mais verdes, mais inconstantes, mais desejosos. Nessa época, eram só os olhos. Agora eles vazam e contaminam o resto, e nesse deserto que agora me encontro, não tem água que leve essa sujeira embora das minhas pernas. Hoje choveu e compreendi tudo, menos como fazer para te fortalecer. Compreendi que vou ter pesadelos a noite quando estiver tudo bem escuro e solitário, e aceito com resignação e coragem, porque os tecidinhos são pipas distantes do meu olhar. Minha transpiração ofegante não é parte dessa chuva, não passa de tédio e tesão recolhido. Ninguém para velar meu sono é tudo o que eu mereço, e meu umbigo promete de se encarregar a virar ao contrário e fazer uma cabana bem segura nos momentos necessários. Nunca estar longe é bom agora mas perto demais é dor sem sentido, egoísmo meu de me querer só prá mim, egoísmo teu de me cortar ao meio, maldade comigo. Meu cigarro e meu chiclete agora nunca acabam, apesar do vinho ter gosto de vinagre, depois de aberto assim na geladeira, sem ninguém botar a boca na garrafa. Essas coisas que deixei envelhecer na geladeira me deixam mais forte e bonita, porque a geladeira não importa nem um pouco na minha pobreza futura, essa que anseio sem medo completamente inconseqüente. Honesta simplesmente. Há dias não queres comer, e eu vou ficando cada vez mais magra e preocupada, mas o amor é o mesmo, o que não cresce é outra coisa, aquilo que não sai do lugar há tempos. Tem um outro gosto experimentado que engoli sem querer esses tempos, um vício esquisito, mas que eu já conhecia. Tu mesmo tinha me mostrado uma vez. Agora a gente canta que é bom nem experimentar. Me sobram muitas coisas, mas sobras não são boas, nem refinadas, nem apaixonantes, tampouco excitantes. Minha amoral e desapego se confunde sem critério algum com a dificuldade de admitir minha própria crueldade, um pouco insana, infantil, tão verdadeira. Ando negando as coisas que me eram tão gratas e escrevendo palavras de insensatez que te ofende os ouvidos, e mesmo assim não dá sede nem fome de comida, e admito que sou mesmo uma maldição. Não quero queimar as mentiras nesse baldinho, elas me são todas verdades necessárias agora, porque sofro sorrindo, esperando que dessa merda toda algo muito belo e leve e requintado nos aguarde em algum momento logo ali na esquina. Esqueci aquelas flores que nunca tinha me enviado num vaso lá em cima, e a água ficou amarela e nojenta, que nem esse negócio que me escorre e tu não sente, não percebe, nem acha feio. Essas teorias que elaboro só te fazem mal e continuo presa nessa sublimação de amor perfeito que ninguém mais acredita, e que terão esquecido logo ali do outro lado da avenida, como quando a gente pisa no toco do cigarro no chão, desdenhosamente. Tu andas mentindo prá ti mesmo que me conhece e que eu te faço bem. E eu aqui, duvidando dos novos gostos, dos sinais que me enviam, das palavras que leio e dos olhares de incredulidade que me lançam como flechas que me machucam e me julgam um pouco sim. Mesmo assim, esses arremessos me enchem de uma coisa que desconheço nos últimos tempos, mesmo sem prova nenhuma, sem consistência nenhuma, de que isso me fará melhor. Não tenho provas, nem suspiros, conheço só agora umas poucas cicatrizes. Elas me ensinaram algumas coisas e fiquei como fascinada por querer me doer e me consertar de novo. Mas se eu me cortar de vez mesmo, e o gosto passar, e ninguém para fazer um curativo forte estiver por ali, será que vai doer sangrar assim? Desculpe, não devia perguntar, porque te deixa pior, ou melhor, querendo provar que minha fragilidade pode ser o motivo de ficares aqui do meu lado. Mas não sou mais pequena, e ando com essa ferramenta na mão que machuca teus olhos e teu peito, arranha tua alma, boceja na tua cara. Tudo assim, rindo, sem pensar, boba, flutuante. Não fica assim que eu não falo. Nunca falei por mal. Quando te comi, engoli um pedaço bem grande, e nunca digeri. Ficou aqui parado, formou um pedaço a mais dentro de mim, no lado direito, não incomoda nada, fica aqui paradinho e tem uma temperatura agradável, nem frio, nem quente demais. Eu não vou arrancar mais, mas andei orçando um botãozinho de on e off, para quando eu quiser sentir um frio enorme ou um calor que me faça transpirar suspirando, sem alterar os fatos da coisa. Por tudo isso, não sei o que te responder. Não será pior? Será que não vai doer?

As Afinidades Eletivas

“A mulher é natural, portanto abominável. (...) Assombração, monstro, assassina da Arte, idiota, safada. (...) A maior imbecilidade unida à maior depravação. (...) Sempre me surpreendi como deixamos que as mulheres entrem na igreja. Que tipo de conversa elas poderiam ter com Deus?”

Goethe, Baudelaire e Truffaut numa segunda à noite

17 dezembro 2007

A felicidade é algo indecente

Como conservá-la, escondê-la, enterrar em um buraco bem fundo para ninguém a ver e de forma que eu nunca possa perdê-la? De forma que quando precisasse era só ir até lá e cavar um pouquinho? Me ajoelharia sobre ela no charco depois da chuva, embrulharia com carinho entre seda vermelha e renda preta e apertaria forte contra o meu peito, para que me penetrasse, entrasse com força, de novo, dentro de mim.

Pílulas

A transferência se dá como uma certa repetição do passado no presente. Mais do que uma repetição de padrões antigos, ou um deslocamento indevido, por assim dizer, de uma ligação libidinal do passado sobre uma pessoa atual, a transferência deve, contudo, ser entendida como um entre.
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Arte-psicanálise-jogo de espelhos. Oscilação (assinalada pela estranheza do duplo - Unheimliche) que suscitará um movimento de simbolização. O duplo, novamente aqui. A psicanálise, de novo retorna sem minha consentida permissão, e quando leio os nomes lembro e penso que posso ter uma chance, se voltar (sim, de novo) para aquilo que não esperava ter escrito.
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Tempo de muita criação. Construção visível, entre o espaço da realização imaginária do desejo.
"Poeta e a Fantasia" (1908).
Desvio com relação à realidade e a censura - "prêmio de sedução" - possibilidade de suspensão das barreiras da repressão. O efeito estético identifica-se ao efeito narcótico. Se a forma estética é uma espécie de véu destinado a subornar as defesas do destinatário, paradoxalmente, "o efeito estético é anestésico" (Thévoz).
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Dizia-me ele, em nosso primeiro encontro para o prefácio, enquanto me oferecia um cigarro fininho:
"Foste uma criança arteira, bem se vê. Tens um problema da qual não considera problema, mas és um tanto imoral." Surpresa? Lembrei daquele teste fake que me fizeram no trabalho, na qual falei de cara a resposta, e vieram com aquele papo de psicopata. Mas não era isso, de forma alguma.
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Descaradamente o sinistro e o vazio assaltam as formas.
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Quando a realidade não mais satisfaz, a fantasia surge numa forma de satisfação imposta pelos ideais culturais. Afastamento da realidade. Pouca resistência as exigências do mundo e fraqueza. Alucinação. Volta-se ao seu mundo, aquele mais satisfatório. Surge a doença.
Mas, subitamente pode: transformar a fantasia e o seu mundo melhor num trabalho de sublimação: arte. Realidade enfim, construida com toda a força que se desejava. Restauração da saúde.
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O estranho novamente. Inquietante, familiarmente perturbador, que me desperta o desejo de mais, de diferente, mas sendo de alguma forma igual, uma repetição de mim mesma.
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A criança que brinca atua como um poeta e cria seu mundo, e aprende a diferenciar o real e imaginário, entre o jogo e a realidade. É a mesma experimentação que se tem quando se cria.
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Esta história é uma história verdadeira, pois eu a inventei do início ao fim. (Boris Vian)

Cafeína Rules

*Eu te avisei...*

16 dezembro 2007

Quando dói olhar prá trás e dá medo olhar prá frente

Hoje foi um dia especial. Tão triste, tão bonito, tão incerto, tão emotivo, nem sei como expressar.
Compartilhamos nossa dor e nossas dúvidas com pessoas que amamos. Primeiro naquele tom frio de piada que sei fazer tão bem, quase magoando os que mais gosto. Então, agora tu vai ficar com mulher ou homem? Então, a C tem umas amigas para ele. E aí, como vai ser vcs ensaiando juntos se tiver mais alguém na história? E assim por horas, até que foi ficando pior e pior e não deu para segurar as lágrimas e a confirmação de que nada era uma piada na verdade. E foi quando um se foi que os outros dois temeram muito e ficaram ali, sofrendo sozinhos e ouvindo as músicas que nós três dançávamos em 2000, e tive que sair de perto, que me deu mais medo ainda, e um engasgo forte, e me dei conta que não plantei nada, só escrevi um livro. E chorei sozinha, na cozinha da casa de ensaio, depois de ensaiar a tarde toda, enquanto que eles dois ficavam lá, chorando juntos. Depois C nos encontrou e mesmo que tentando, não conseguiu segurar, e temi por ela, porque estão todos apavorados e receosos e parece que agora não acreditam em mais nada, nada. Mas eu sei que sentir toda essa dor é melhor que não sentir nada, sentir só um vazio da vida te levar para chegar a lugar nenhum. E ouvi que temem por ele se acabar por aí, mas está mais seguro do que pensavam, e mesmo sofrendo acha que vai ser bom, que está sendo tudo muito bom. Por mim não temem, porque sou mais dura, aquela velha história: eles, italianos, mais passionais, e eu e A, alemães, mas racionais. E assim eu fico. Como sempre. Todo mundo sempre acha que eu me basto. O pai achou, a mãe achou e até eu acho. Mas às vezes esta certeza dura só um minuto, um minuto bem pequenininho, e aí fico aqui, chorando de novo. Mas é um choro especial, esse choro de rompimento de uma casca, que deixa a gente mais exposto e vulnerável, arriscando tudo antes de morrer amanhã.
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Todo meu patrimônio são meus amigos. (Emily Dickinson)

Império do Sono (para Cláudia)

Três horas de filme e acabamos voltando para casa, sem ir para o Beco, ali pelas 3 da manhã. Não tenho a mínima condição de falar sobre o filme sem asssistir de novo e mesmo assim não vou ter mesmo. Bom que o Guilherme topa. Mas em casa. Só sei que me vi sozinha entre quatro cadeiras de cada lado, morrendo de frio e levando uns sustos de vez em quando, como se revendo uns sonhos recorrentes bem assustadores, apesar das risadas sobre alguns diálogos de vez em quando. Quando a gente entrou já não tinha mais lugar e sentamos todos separados. E toda aquela gente que saiu, prá que entrou? Primeiro, o casal do lado direito irritava muito. O cara inventava um monte de bobagens para tentar explicar para a namorada o que estava acontecendo. Inventou que os poloneses estavam falando uma língua inventada. O casal do lado esquerdo ficava irritado com o que o do lado direito falava, e eu encolhida no meio, com as pernas prá cima para me aquecer, e as meninas trocaram de lugar com os namorados. Surreal. O casal da direita foi embora perto da 01:10 da manhã. O casal da esquerda tentou insistir. Aí começou assim: "se tu quiser ir a gente vai, não me importo..." E ela: "É que to com tanto frio...". Olhavam no relógio do celular o tempo todo. Acabaram indo embora às 02:20 da manhã. As meninas da frente? "Desculpa ter te trazido..."
Narrativas lineares não fazem parte mais da minha vida ultimamente. Não sei se é sonho ou pesadelo, mas até que tá divertido.

Ri mais aqui.

14 dezembro 2007

Na na na

Pass This On

Ontem e hoje

Saí do trabalho e fui para um happy hour menos happy que já tive. No outbeack ainda por cima, cheio de onívoros comedores de carne. That's ok, preciso me socializar urgentemente. 05 chops pagos pelos americanos. Dali fui em casa, me encontrei com a Desi e amigos no Shamrock e experimentamos umas cervejas. Depois fomos para o Laika ver a She's So Fake e dançar bastante e beber mais um pouco. As donzelas tiraram fotos, señorita Bandarra, señorita Marantes e eu. E ontem foi o lançamento internacional da ZOMBIEOPER, o que deixava a tia Desi com uma ar todo faceiro.

Não consegui acordar hoje demanhã cedo para levar os felinos ao banho. Além da ressaquinha, muita cólica. Fiquei deitadinha, encolhidinha. Comi, tomei um banho e fui para a prova do Detran. Passei, incrédulos! Já pedi a permissão internacional também, cuidem-se.

Finalmente meu corpo parece um pouco mais relaxado, ansiando por mais coisas e mais provas e mais desafios.

13 dezembro 2007

Perdi o jogo...

A pior coisa que pode acontecer com um protetor, que já sentiu aquele gostinho de ser deus, de reverter situações pavorosas, é ter que autorizar uma eutanásia.
Eu nem cheguei a colocar nome nele.
Eu do lado, unhas feitas cor tomate, pulseira de pérola, vestido petit poa, salto de verniz, cheirando a Thierry Mugler. Ele ali, um fedor que eu me recuso a sentir, os olhinhos que já nem conseguem me ver.
E se eu o tivesse encontrado antes, uns dias antes, será que dava?

Vou beber hoje, preciso repor todo líquido que meus olhos vazaram.
Azar da prova do Detran de amanhã.

A desgraçada me deu um checkmate.

12 dezembro 2007

Ando jogando xadrez

E agora acesso banido a tudo.
O que me fez ir dar um passei perto do lago, assim, de tarde.
As taquareiras balançavam, o vento passava entre elas e fazia um zunido, um assobio discreto, mas nada tranquilizador.
E foi assim que achei aquela criatura esperando pela morte, pus nos olhos, feridas na boca, nenhuma carne em que se pudesse tocar, secreções purulentas pelo nariz, sem andar, bichos pelo corpo, só me olhando, me olhando e tossindo. Uma vida inútil? Prá quê?
E me fez ver como meus problemas são ridículos.
Levei-o.
Só saberei amanhã se terá que ser sacrificado. Estraguei meu dia, quem sabe para ser um tipo de um anjo da morte.
Ando ultimamente só trazendo a morte para os olhos dos outros?

pitchshifting do bom e mais distração mental

Já devo ter escutado umas 3 vezes seguidas o Silent Shout hoje, inteiro.
Infelizmente, nada de Last FM nem Youtube mais por aqui, fica essa tela preta ou branca vazia.

Network Access Message: Access to Internet Resource DENIED
It works for you!
Nada de vídeos, nada de clipes.
Tenho que ficar formando imagens mentais do som.
É incrível como não se tem vontade de trabalhar quando se sabe demitida.

Sexmusic

Prá não pensar, prá não chorar, prá não lembrar.
Não, não escuta aquela música, nem aquela outra.
Sozinha na sala hoje, transformei um dia de trabalho numa sex-goth-rave solitária.


Got Soy?

Desmame você também

11 dezembro 2007

Auto-ajuda

"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, que companhia nem sempre significa segurança, e começa a aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas (...) Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão (...) Aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferí-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais, e descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida (...) Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida (...) Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que eles mudam (...) Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos (...) Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde se está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados (...) Aprende que quando se está com raiva se tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode (...) Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém; algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás (...) e você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar."

(...)


This used to be my playground
This used to be my childhood dream
This used to be the place I ran to
Whenever I was in need
Of a friend
Why did it have to end
And why do they always say
Don't look back
Keep your head held high
Don't ask them why
Because life is short
And before you know
You're feeling old
And your heart is breaking
Don't hold on to the past
Well that's too much to ask
Live and learn
Well the years they flew
And we never knew
We were foolish then
We would never tire
And that little fire
Is still alive in me
It will never go away
Can't say goodbye to yesterday
No regrets
But I wish that you
Were here with me
Well then there's hope yet
I can see your face
In our secret place
You're not just a memory
Say goodbye to yesterday
Those are words
I'll never say
This used to be my playground
This used to be our pride and joy
This used to be the place we ran to
That no one in the world could dare destroy
This used to be our playground
This used to be our childhood dream
This used to be the place we ran to
I wish you were standing here with me
This used to be our playground
This used to be our great escape
This used to be the place we ran to
This used to be our secret hiding place
This used to be our playground
This used to be our childhood dream
This used to be the place we ran to
The best things in life are always free
Wishing you were here with me

Club d'Essai apresenta

Objetos de Estimação/Coleções Particulares

Todos os dias você perde algo,
Talvez sem saber o quê, quando, onde ou como.
Talvez coisas físicas, ou não.
E se essas coisas guardarem uma porção considerável da sua intimidade?
Se esconderem algum segredo?

Mas para onde vão as coisas quando perdidas?
E se recuperadas, ainda possuirão o espaço ao qual pertenciam?

Visite a exposição e recupere o que lhe pertence:
StudioClio (rua José do Patrocínio, 698)
De 10 a 14 de dezembro, das 09h às 12h e das 14h às 19h.

Advertência!
Aos que buscarem recuperar seus segredos fica o alerta:
É possível que assim, encontrem bem mais do que procuram.


www.clubdessai.wordpress.com

Dark Cabaret

Tentando alcançar a bandeira da minha liberdade
Lá no alto daquele poste
Sem compromissos
Nem expectativas
Só um vento esquisito

Síndrome de Popeye

Eu tenho esse dom, esse dom desgraçado de falar algo que não devia, inconseqüentemente ou na hora errada. Tenho o dom de ferir sem pensar, de irritar sem querer, e de fazer um comentário com a maior inocência e delicadeza do mundo, mas quando o momento não permite.
E quando me julgo mais, pode ter certeza que é porque ando menos.

Ainda vai faltar quase um mês para eu sair daqui, e já não tenho mais condições mentais de continuar. Ainda me tiram acesso a tudo, e fico pensando que pelo menos estou aqui enquanto surgiu mais um serzinho abandonado ali na frente, na qual posso dividir as carnes mortas do meu almoço.

Quando as coisas começam a demorar demais, e o relógio vai se arrastando e eu me dando conta que nada de útil aconteceu nas horas que acabaram com meu dia, parece que minha cabeça sufoca apertada, minha alma inquieta se irrita e meu peito dói. As horas boas? Essas parece que a memória insiste em ir apagando aos pouquinhos.

Por vezes me pergunto se tudo isso não é físico. Desperdício de dopamina por muito tempo e determinados eventos forçados, fazendo que agora a produção de boas sensações não consigam atingir ápice nenhum sem estimulação externa...

10 dezembro 2007

Shhhhhhhhhh...

Ex. Esse deve ser o projeto mais autoral que já vivemos.
E agora já tenho o roteiro e as cenas do próximo clipe.
A serem gravadas aqui mesmo, aqui mesmo.
Klamt, eu sou genial, filmagem domingo?

Corpo e Alma*

Interessante como nós não somos precisos quando se trata dos assuntos da alma. Aí podemos perceber que existe uma imperfeição anti-matemática que é onde reside uma das coisas mais gostosas da vida - a incerteza dos eventos, e a inquietude dos sentimentos. Não fosse assim, seríamos como robôs, criados para atender a uma finalidade específica, e nossas individualidades estariam comprometidas com um bem maior, que seria a humanidade. Nos tornaríamos abelhas, formigas, cupins [estes, na acepção sócio-biológica da palavra].
* * *
Mas ninguém pode dizer com exatidão onde é que está a satisfação da alma: se na alma propriamente, ou no corpo também, ou, ainda, se no corpo somente, e na alma reside da pureza angelical [mas aí o desejo não seria satisfação, ou ambição, da alma, mas do corpo, movido só pelos impulsos hormonais]. Então, o ser humano é somente corpo? Os materialistas dizem que sim, que é só corpo e psiqué. Mas esta não seria a alma? É uma questão de difícil resposta. Prefiro não adentrar em seus meandros.
* * *
“Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. Só em Deus – ou fora do mundo. As almas são incomunicáveis. Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não.” [Manuel Bandeira]

“Depois que um corpo comporta o outro, nenhuma alma suporta o pouco.” [Paulo Leminski]

“Sem o corpo, a alma não goza.” [Adélia Prado]

* Post maravilhosamente inspirador de um comparsa de crime.

EX é uma jogada de MKT

Depois de dois dias de ondas salgadas nos atingindo, tivemos uma doce ressaca.
Sim, doce, porque a docilidade do mundo inteiro mora dentro de um corpo só, que sofre em se redividir, e mesmo dentro de tanto sofrimento, consegue amar acima de qualquer coisa, e aceita o meu amor, que é o maior do mundo também, do jeito que ele é. É grandioso e bom, é a melhor pessoa que conheço no mundo inteiro.
E eu sou um algo descontrolado, que insiste em perder o rumo.
Ontem ficamos lá nós três. Ex.
Primeiro Pikachu Night, viagens da Islândia, gato Pepsi e cerveja.
Tá, é Pecha Kucha, mas tava engraçado prá caralho.
Porque será que as melhores coisas são as mais grosseiras, feias e transgressoras? Me dei conta do tão punk que me tornei e tenho que parar com isso. Deus, tenho que parar, me concentrar, me conter, não posso fazer um mestrado de arte quase odiando a arte, assim como quando me formei em publicidade, odiando publicidade. Sou assim indisciplinada, incrédula, arrogante, acreditando que o que é bom é o que não se estuda, é o que é natural, espontâneo. Minha sorte é ter a humildade de me saber errada.
Depois a noite em casa.
Eu cozinhando para os dois, antes da sessão cinema, bebendo cerveja em lata sem lavar, já tonta e despejando soja sem hidratar ao invés do gergelim, achando graça sujar todo o fogão.Nós três ali, nomeando os personagens com nossos nomes. Eu entre eles posso ser um deles sempre, posso ficar de calcinha e camiseta, são meus melhores amigos, são os meus meninos, que vão no banheiro e deixam a porta aberta, que recebem gritos para baixar a tampa do vaso pros gatos não se afogarem. Tenho tanto medo de perdê-los e fico pensando...
"o que é mesmo que estou fazendo?"
"vou ser uma colagem solitária cheia de gatos nesta província chamada Porto Alegre?"

08 dezembro 2007

Oxigênio

Todas as minhas certezas e toda minha auto-segurança desapareceram assim, de repente.
Minha garganta, se cortada agora, jorraria um vômito trancado que quase me sufoca.
Deixei que cortassem a corta que me amarrava àquele porto, à salvo.
E agora, que mares irão me afundar, eu nem imagino.
A viagem rumo a si mesmo pode ser longa e dura, mas certamente incerta.
Não sinto auto-piedade pois faço meu mea culpa.
Mas jamais, juro, queria levar outro a ser afogado junto comigo.
O sal arde os olhos.
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Não existe nada mais difícil de conduzir nem nada mais incerto e perigoso do que iniciar uma nova ordem no caos.

07 dezembro 2007

Antes de Sair

Muse - Time is running out uf
Cardigans - I Need Some Fine Wine And You You Need To Be Nicer
Depeche Mode - Lillian
Blutengel - Vampire romance
The Vines - Ride
PJH - A place called home
Colony 5 - Only A Dream
Sisters Of Mercy - Dominion
Suede - killing of a flash boy
You Have killed me - Morrisey
London After Midnight - The Bondage Song
Moby - We are all made of stars
Indochine - Le doigt sur ton étoile

Enquanto demoram a me buscar, pulando e ouvindo, muito, muito, muito, muito alto.

Ando loca

Atormentada pelo pequeno egoísmo devastador de algumas mulheres.
Salto de 0 a 10 e volto a cair segundos depois.
Não faço mais supermercado.
Fico rindo a toa com a notícia da minha demissão, em breve, muito breve.
Acreditando que o meu pensamento pode me sustentar, ou que vou viver de luz, o que já impulsiona outra grande vantagem: emagrecer mais um pouco.
Tolices adolescentes balzaquianas, quase aquele título do CD da Viana Moog.
É difícil determinar a linha entre ser feliz e não ferir as pessoas...

Sou doce e cruel ao mesmo tempo, e ainda recebo flores.
"por tudo e por nada" dizia aquele cartão.
Cravos brancos são lindos, um pouco mórbidos talvez.
A. disse que recebeu cravos como sinal de que estava tudo encerrado.
Penso, penso, penso e não chego a absolutamente lugar nenhum - e mesmo assim crio umas ilusões absurdas que me fazem sorrir. Se penso tanto, mas em nada adianta, como é que esse pensamento desgraçado vai me sustentar? Essa é uma questão delicada.
Deixa assim, vou só seguir o fluxo que começa a transbordar.
Opa, tá caindo ali, manchando a mesinha do bar.

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Você pode escolher entre Deus e o sexo. Se escolher os dois, vc é um hipócrita presunçoso. Se nenhum deles, vc não ganha nada. (F.S. Fitzgerald)

06 dezembro 2007

Meu outro dezembrino

Um cartão pode muita coisa...
amenizar uma dor
acalmar um receio
afastar a tristeza...
Parece quase um milagre
todas as coisas
que um simples cartão pode fazer.

Parabéns Martinelli. De nós 7.

04 dezembro 2007

Meu Caro F...

Te liguei e já estavas com voz de sono. Nem ligaste.
Perguntou se chego amanhã, mas faltam dias.
Me falou que os planejamentos são segredos, mas a verdade é que ainda tens na lembrança a menina de roupa preta que te faz passar vergonha pedindo beijo na boca, não sabendo quem ganhou o Oscar em 1954 de melhor filme estrangeiro nem sabendo quem foi a rainha do rádio preferida dos teus ouvidos.
Querido, não te darei vergonhas em frente aos teus amigos, comportarei-me como uma lady no pátio do colégio, fingirei uma intelectualidade quase mórbida escutando de canto alguma coisa que detestas, mas não te prometo deixar de beijar-te.
Feliz aniversário mano.

Bebe e diverte-te pois nosso tempo na Terra é curto e a morte dura para sempre.

Pequena reunião

Ex atualizando:

Shhhhhhhh - pronta
Ovelha de Soja - pronta
Quase Igual - mixagem pendente
Funeral - só bases
Charco - próxima a gravar
Asfalto - próxima a gravar

Vinheta de imagens, marcar datas com TD, construir roteiro, oferecer uma delas para DM, filmagem caseira, filmagem prá valer, montagem, publicação total. A vida, segundo o Gérson, é um carnê.

Frases da Costa da Normandia

As paixões fazem menos mal que o tédio, pois elas tendem a diminuir e ele a aumentar.
Barbey D'aurevilly

03 dezembro 2007

...

Nunca tive posters no quarto, porque eu mesma me bastava.
Nunca tive um ator preferido, um disco preferido, uma banda preferida, minha música me bastava.
Nunca tive um filme preferido, um time, um lugar, um ídolo de qualquer coisa que o valha.
Finalmente, continuava não tendo nada, fora um amor que me bastava, mas não mais por eu mesma.
Ele era tão grande e imenso, tão altruísta e perfeito, que havia me esquecido de mim...
3 pequenas e recentes conquistas: um perfume preferido, um chiclete preferido e uma bebida preferida.
Não cresci. Na minha enorme felicidade da redescoberta, virei menina de novo.
Crianças por vezes conseguem ser tão cruéis, egoístas, mentirosas.

Duas gotas de láudano em um cubo de açúcar.
Derreter em uma colher sobre o fogo do isqueiro.
Uma dose de absinto.
Mexer bem.
Consumir com moderação.

02 dezembro 2007

Nem um pouco

É isso. Futebol não me interessa nem um pouco.
Esse monte de gente chorando mais que no velório da mãe, com cara de presidiário, com sonhos vazios preenchidos coletivamente, prá esquecer a merda do dia-a-dia, me parece completamente absurdo. Aqui em casa teve torcida para o Goiás vencer o Inter. Dormi e sonhei com cenas que jamais vivi e pessoas que desconheço, esse calor já começando a irritar.
"Deu pá ti Curinthiá".

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Sexta encontrei a Priscilla depois de tanto tempo...Cheia de planos, e em maio já volta para Buenos Aires. Foi a canditada perfeita para ficar com os felinos em março, quando da viagem para a "Europa Vale Tudo". Cerveja a 60 centavos de euro. Cláudia chegou depois, começamos desde às 19:30. Depois chegaram de surpresa Alex, depois Mags, depois Martinelli. Maurício passou por ali, com seus novos amigos. Os anos passaram. Fomos conhecer o apartamento novo do Mags, depois da separação. Os anos definitivamente passaram.
É verdade, não dá para ignorar o chamado da vida.

Lisa Germano



Fall