Meus delírios, divagações, realidades e esquizofrenias, a quem interessar possa. Se viestes até aqui por bem, ego venia divinus indulge. Se por mal viestes, qui unum manus imprecatio divinus indulge. Danger: "Reperio scrobis et doli". Os comentários relativos aos posts deste diário são de responsabilidade dos visitantes, bem como condutas impróprias de clonagem de identidade em outros sites. Dúvidas, reclamações, declarações de amor? Email-me.

29 dezembro 2007

Incompreensível

Dessa vez parece que algo faltou a ser dito. Os discretos sinais da expectativa dela, arruinados, podiam ser vistos na maneira como rodava o dedo branco sobre as bordas do copo, os olhos atentos sem entender direito, mas sem tentar muito. Não havia nenhum tremor. Era meio vazio, e portanto, descontentava muito, desapontava. Previsível era algo que não esperava, apenas isso. Não sentia arrependimento das brincadeiras e da alegria boba que deixou transparecer, mas pensava agora numa maneira de ser indiferente, apesar de que não fosse fazer nenhuma diferença, só estaria deixando de rir, só deixando de divertir a sim mesma. Então olha mais uma vez, prometendo ser a última. E continua não lhe dizendo nada, nada. Uma pergunta foi o que mais lhe aborreceu, uma bem comum, que todos faziam a ela, o tempo todo, exigindo explicações, razões ou motivos, que não eram necessários existir, só isso. Decidiu-se por reservar os sentimentos mais vívidos e ardentes, as obcenidades e às imagens lascivas, para si. Juntou os pedacinhos daquelas palavras desconcertantemente picadas nos seus pés e os afogou num novo drinque, um sorriso no rosto, escutando Die Wolken. Tanto faz, repetiu umas duas vezes, sorvendo todas as ternuras deliciosamente rasgadas dentro do copo. Provavelmente arranjaria agora outra forma de foder com tudo, como sempre.