Meus delírios, divagações, realidades e esquizofrenias, a quem interessar possa. Se viestes até aqui por bem, ego venia divinus indulge. Se por mal viestes, qui unum manus imprecatio divinus indulge. Danger: "Reperio scrobis et doli". Os comentários relativos aos posts deste diário são de responsabilidade dos visitantes, bem como condutas impróprias de clonagem de identidade em outros sites. Dúvidas, reclamações, declarações de amor? Email-me.

28 fevereiro 2008

Ao sair, apage a luz, por gentileza

A... continuava muda, olhando tudo acontecer, como se estivesse de fora, e pude perceber que fotografava cada momento que via, momentos novos, mas velhos conhecidos. Permanecia nessa vivência da recordação no presente, e continuava tendo momentos ternos e felizes, em contrapartida com explosões desnecessárias, tiros mal dados, aleijando-me, mas sem matar. Não sobrava forças para encurtar as situações dolorosas, nem o gelo necessário que, afinal, julgavam que ela teria.
Tentou contar essas coisas que não fazem muito sentido quando contadas, e quando escreveu, se revelando como uma perfeita idiota, pareceu que havia ensaiado aquele texto dramático, construíndo as palavras que a tornavam uma mulher acabada, virada em nada, resignada, mas louca às vezes, procurando não sabia o quê, nem aonde. Ou deixando de procurar.
Foi incômoda e infantil. Nenhum mistério naquela fêmea. Mas ela não era prática assim, não ensaiava nem treinava nada, absolutamente! Pois na manhã seguinte já sentia-se tranqüila de novo, naquele seu mundinho, e arrependia-se de ter sido assim, tão melodramática. Ela era assim mesmo, uma complexidade que até enchia o saco e afastava os amigos. Agora, restavam os virtuais.
A cada amanhecer era possível trocar frases de amor, adormecido e honesto, mas a cada noite voltava a ser fugaz e arredia, e escapava-me por entre os dedos. Um peso duplo na alma e na mala, quase insuportável, me arranhava as entranhas. Seria possível viver algo melhor do que isso? Eu já não lembrava. Ela fez o quê de mim, afinal? Os meus restos já eram envelhecidos. O peso de insistir em continuar a carregá-la e perder novos momentos, em troca de quase nada, e o peso do medo da saudade, que já se parecia com um abismo negro e colossal, abaixo dos meus sapatos, estava arqueando demais as minhas costas.

Naufrágio

"(...) Tenho festas nas minhas dormências, frestas por onde entram as luzes solitárias de alguém desconhecido. Tenho festas sem usura nos meus sonhos, nos meus símbolos que guardo do teu corpo. Tenho um cansaço de todas as coisas, menos da calma que me forço, apenas por estar sem você, sem a festa que realmente interessa (...)."
(Paulo Castro)

Untitled

Eu tenho uma máquina de costura. Eu já sei como ela deve ser manejada, e sei que se eu usar o ponto de ziguezague, tenho que pedalar devagarinho, porque senão ela se irrita e arrebenta a linha, e eu perco mais tempo refazendo do que se tivesse ido com mais calma. Essa calma toda que ela me força até me faz bem, e dá vontade de tomar chá de pomar, enquanto eles ficam ali em cima da mesa, me olhando, buscando carinho. Já aprenderam a não brincar com os rolinhos e fios. Eles possuem uma calma exata nestas horas. Nem me preocupa, quando estou ali, o tempo que ainda vai levar para minha vida começar a deixar de terminar. Sério, é um momento sublime, esse durante o horário comercial, assim, em silêncio, em casa, criando, mexendo, não ouvindo nem a conversa doida da minha cabeça. Tantos paninhos coloridos, apliques, e vou amontoando a casa de coisinhas assim, e achando linda as flores lá em cima que esqueci de botar fora, todas sequinhas numa garrafa de vidro, do lado daquelas velas de um casamento que eu não fui. Gavetas cheias de coisinhas que um dia serão outra coisa, e muito vermelho, cerejas e joaninhas. Mas e as promessas e perfumes excitantes que ainda desejava? Ah, máquina dos infernos, estás de complô comigo e eu pensando que eras minha amiga! Só te digo uma coisa, querida: coisas muito coloridas têm cara de criança, ou de prostituta.

Inconveniente

Pela manhã tomei um comprimido e meio de cloridrato de bupropiona, 1 buscopan e 1 ponstan. Depois de duas horas tomei mais um buscopan e um femproporex básico. Namorei um Tilex. Olhei para as outras três caixas de remédios novos e decido aguentar a dor mais uns dias e não começar o tratamento. Só prá não ficar sem beber 4 dias. Essa semana Ventre, pode gritar a vontade. Se contorcer até. Mal escuto a tua maquiavélica voz , ameaçando a mesma merda, a todo instante: teu mundo acaba em ti, mulher.

Por quê tu é assim, hein?

Sempre vou preferir o Sea Shepherd ao Greenpeace.

27 fevereiro 2008

Finished

Terminei de pintar as asas, bem há tempo de voar para a Europa, sem machucar as costas com a mochila. Eu odeio mochila, tão pouco finesse, fazer o quê, mala não cabe nos compartimentozinhos metálicos dos albergues davida... Doeu? Apesar da experiência das outras, essa confesso que foi um processo assim, digamos, como se te arrastassem de costas num asfalto quente, bem rápido, esfolamento mesmo. Teve certos momentos que tive a sensação de que era uma dor maravilhosa. E no final, não sentia mais nada, as costas adormeceram completamente, simplesmente eu tinha sumido. Eu tinha sumido daqui também, devo vários contatos e retornos, mas é que travei o micro com aqueles caçadores de spyware e fiquei uns dias sem computador, até que tivemos que formatar tudo, e ainda estou instalando programas aqui... Correria imensa, compra isso, aquilo, faz cartão disso, converte moeda, deposita, paga conta, resolve papelada, isso e aquilo outro. Ver amigos, rever, despedir-se, combinar happys e tudo o mais. Meus bebês gatos estiveram com sarna de ouvido, todos, maior função, já estão bem, mas estou quase morrendo por dentro de deixá-los. Desmama Thiane, desmama eles. Estamos gravando e masterizando algumas das músicas da EX, tá ficando interessante de ouvir e ver. Outro clipe iremos filmar, este final de semana, vamos ver como eu me saio de diretora e roteirista. Tenho ainda esta semana e a outra aqui. Cinema e beber com amigos seria bom. O pensamento anda estranho, pesado, mas sem se importar muito, sem desespero. Vai ver pelas tantas coisas a fazer. Volto logo, com mais notícias, prometo visitas, ansiosas, e mais palavras. As de hoje são assim mesmo, todas exteriorizadas, coisas da vida que segue, pouquíssimo sentimentalismo.


18 fevereiro 2008

Clipe

Soube que o clipe do Marvel tá quase finalizado. Amanhã iremos do TD finalizar e masterizar essa música, e gravar as demais possíveis. O DM tem um blog aqui, com algumas impressões...

13 fevereiro 2008

Muito e pouco

Fiquei assim, o dia todo fazendo um monte de coisa que não é nada, ainda. Pedaços de coisas, prá lá e prá cá, sentada no computador. A sonolência felina bate seus recordes aqui em casa, em minha volta. E me dei conta que hoje já escureceu, parece que eu recém levantei e tomei banho, e não comi nada ainda. Acho que vou desconectar, nesse momento. Desconectar total, ligando a tv, abrindo a geladeira e ficar ali, parada, sem decidir coisa alguma.

Last Night

Na nossa coletânia do grupo da Zero, que será lançada em breve pelo mundo, eu sou essa música aí. Last Night, da Julie Doiron. Não é lindo? Foi o Jamer que escolheu prá mim. Agora eu espero fazer uma boa escolha para o Artur. Tem esses dias, em que a trilha sonora se encaixa perfeitamente. Não tem chuva nem pingos na janela, mas tampouco olhei prá fora prá ver o sol. Não tem nenhum doce e só água prá beber. Um dia vazio de preocupações, mas um pouco triste por já ter-se-ido, assim, sem mais a mais a acrescentar na minha vida...

Last night, I held you in my arms and
I started to cry,
and you looked up and squeezed your hands
onto my head like you knew why.

Today I fly across the ocean.
I will be away 20 days.
And I didn't know I would be like this,
'cause I'd be away 20 days.

Tomorrow, I'll be on a stage and
I will sing the words from all of the pages.
I will close my eyes in front of all the people.
I will close my eyes thinking of you.

But, last night, I held you in my arms and
I started to cry,
and you looked up and squeezed your hand
onto my head like you knew why.
And it was so right.

http://www.myspace.com/juliedoiron

Quase lá

Final de semana voando, clipe gravado sábado e domingo. Na verdade, foram mais de 6 mil fotos, tantas que a Isadora rasgou a lente, é sério. Momentos registrados que preciso cópia, as dos making off. Só podemos agradecer aos amigos queridos, que trabalharam horrores, total profissionais. Só faltou o Éverson, claro. É assim mesmo que tem que ser, com alguém tomando as rédeas, como o nosso diretor. Com o olho artístico da nossa fotógrafa. Com o apoio incondicional da nossa produtora. Porque beber e viajar, só é permitido aos atores - e olhe lá! Os demais, sorry, lamento, mas meu bar não é mexicano. Show no Goethe, na volta da viagem, em maio. Segunda temos gravações, ensaio no final de semana.

'Ex' por Isadora Lescano

09 fevereiro 2008

Clipe da Ex + Bonde do Rolê. Ãh?

Tô correndo e não tive tempo de atualizar, nem ler nada essa semana, só loucura, nuvens negras e coisas afins, tipo fechadura que não abre, debito em conta fantasma e etecéteras. Ressacas também.
Wellwell, aviso assim de última hora, que hoje estaremos fazendo a primeira parte de um novo clipe da EX, com roteiro do Éverson Klein, direção do Daniel Marvel, produção da Dani Ferrari Andrade, fotografia da Isadora Lescano e arte do Eduardo Poerner.
Digo um novo porque já temos um vídeo pronto, feito por nós mesmos. Outro já está sendo visto com o amigo Eduardo Bichinho. Semana que vem gravamos outras músicas no Dreher, para levar material pronto para a Europa.
Então é daqui há pouco, lá no Porão do Beco, junto da mesma festa onde vai estar rolando a etapaMTV/RS da escolha da nova vocalista do bonde do rolê. Bizarro é pouco, mas a diversão deve ser garantida. Sei que a casa nova do Vitor tem até mastro de meretriz. Amigos que quiserem ir conferir as atuações envergonhadas destes três seres decompostos, serão bem vindos trazendo copos nas mãos. Bj, fui.


01 fevereiro 2008

Que sentido?

Às vezes parece que a gente tá numa espera, na espera de que aquela vida, cheia de promessas e sonhos, chegue logo, dobrando ali na esquina. E ficamos assim, estáticos, esperando - "uma postura um tanto tática, estática como a falática..." - E ela não vem. E nesse meio tempo a gente faz um monte de besteira, só prá passar as horas, sem se dar conta que o sonho furado era esse aí mesmo, e a promessa falida já aconteceu e nem era aquilo tudo. Já era, passado, cabou.
Então se decide uma hora que devemos encontrar um tal de "eu interior", esquecendo a platéia, o público em volta, concentrando-se com força no próprio umbigo. Adianta? Não sei, dá vazio também. Aí de repente se quer estar no meio de um milhão de gentes lambendo esse mesmo umbigo, virilha e o que mais puder. Oscilações. Quem encontra a paz esquece o prazer. E o prazer te tira toda a paz. E afinal, o que se deseja? Quando não se sabe, é porque não evoluímos em nada?
Daí tem aquele meio termo, que ajuda a tomarmos mais um gole dessa coisa amarga e cortante que é a existência: o deixar se levar. Sem leme. Mas aí surge uma nova constatação: isso não funciona, é pura enganação. A gente tenta sempre controlar alguma coisa, não deixa se levar nunca. Ou deixa, mas só algumas vezes, por poucas horas quem sabe, e depois corrói-se de culpas e remorsos ou arrependimentos.
Então eis que a solução está no copo e na leviandade. A poesia do mundo desce pela garganta, dá-nos horas agradáveis de risos soltos e uma sensação de festa de criança, com correria, girando, girando para ver quem cai primeiro.
Saber que os dias nunca serão melhores é o primeiro passo para parar de choramingar e resolver simplesmente se divertir. Acho que, neste segundo, é o que eu quero. Talvez amahã eu deite na língua da concha novamente. Algumas coisas que escrevi parecem sentimentalmente tão prá baixo, e são mesmo, e refletem mesmo umas situações e as confusões mentais que não são privilégios meus. Nada bom. Juro que queria ser mais boazinha de vez em quando, e não disparar tanto em alvos civis em meu redor. Soube que andei psicografando cartas. Para umas amigas. Me parece que foi divertido, mas não lembro, juro, e tinha curiosidade em ver o teor das coisas ditas, com certeza muito mais leves e divertidas que esses tiros de nada para lugar nenhum que fico depositando aqui.
Pois é, mas é tudo prosinha lírica aviadada afinal. Visita da mãe amanhã, até o final do feriado. Comer, filme, conversa, matar saudade. Sinto que as pessoas estão temendo que eu nunca mais volte, e ficam aparecendo de repente assim...O Chocolate finalmente foia adotado e foi para Eldorado do Sul. E amanhã demanhã vou com D buscar a nova gatinha que ela vai adotar. Quando essas coisas acontecem, posso dispensar o copo e deito feliz de verdade.