Que sentido?
Então se decide uma hora que devemos encontrar um tal de "eu interior", esquecendo a platéia, o público em volta, concentrando-se com força no próprio umbigo. Adianta? Não sei, dá vazio também. Aí de repente se quer estar no meio de um milhão de gentes lambendo esse mesmo umbigo, virilha e o que mais puder. Oscilações. Quem encontra a paz esquece o prazer. E o prazer te tira toda a paz. E afinal, o que se deseja? Quando não se sabe, é porque não evoluímos em nada?
Daí tem aquele meio termo, que ajuda a tomarmos mais um gole dessa coisa amarga e cortante que é a existência: o deixar se levar. Sem leme. Mas aí surge uma nova constatação: isso não funciona, é pura enganação. A gente tenta sempre controlar alguma coisa, não deixa se levar nunca. Ou deixa, mas só algumas vezes, por poucas horas quem sabe, e depois corrói-se de culpas e remorsos ou arrependimentos.
Então eis que a solução está no copo e na leviandade. A poesia do mundo desce pela garganta, dá-nos horas agradáveis de risos soltos e uma sensação de festa de criança, com correria, girando, girando para ver quem cai primeiro.
Saber que os dias nunca serão melhores é o primeiro passo para parar de choramingar e resolver simplesmente se divertir. Acho que, neste segundo, é o que eu quero. Talvez amahã eu deite na língua da concha novamente. Algumas coisas que escrevi parecem sentimentalmente tão prá baixo, e são mesmo, e refletem mesmo umas situações e as confusões mentais que não são privilégios meus. Nada bom. Juro que queria ser mais boazinha de vez em quando, e não disparar tanto em alvos civis em meu redor. Soube que andei psicografando cartas. Para umas amigas. Me parece que foi divertido, mas não lembro, juro, e tinha curiosidade em ver o teor das coisas ditas, com certeza muito mais leves e divertidas que esses tiros de nada para lugar nenhum que fico depositando aqui.
Pois é, mas é tudo prosinha lírica aviadada afinal. Visita da mãe amanhã, até o final do feriado. Comer, filme, conversa, matar saudade. Sinto que as pessoas estão temendo que eu nunca mais volte, e ficam aparecendo de repente assim...O Chocolate finalmente foia adotado e foi para Eldorado do Sul. E amanhã demanhã vou com D buscar a nova gatinha que ela vai adotar. Quando essas coisas acontecem, posso dispensar o copo e deito feliz de verdade.
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