Sonhei de sábado para domingo
com amigos de poucas horas
sem ter lembrado
nem pensado
em como estavam.
Procuro, leio
e descubro o sonho profético
de que ele não anda bem
Uma culpa modesta
de não ter ligado
tampouco escrito
a decepção comigo
como aquilo que não veio
a resposta inexistente
E eu aqui
repetindo os mesmos gestos
com outros de outros lugares
achando mentirosamente
que não somos iguais.
Não lembro bem da noite, mas lembro que gostaria de esquecer o monte de besteira que provavelmente falei. Melhor ainda: preferiria que os demais presentes esquecessem também. Não sei o que foi, mas se tenho essa sensação, então deve ser necessária. Não lembro de ir embora. Muito sorriso gasto à toa. Atordoado de barulho e campo de visão menor. Atenta a tudo de forma distraída. Olhando nos olhos e falando sem ver nada, falando, falando e perdendo a chance de falar de verdade. Outros falavam e falavam e a sensação de que ninguém escutava nada em absoluto, os olhos vagos, vidrados no além. Fazer sem pensar, fazer sem pensar. Beber um pouco mais. Brilhando, flutuando e se divertido, marginal demais, deitando e apagando, dormindo de pernas abertas. Fugindo da claridade e do controle, seguindo um modelo que não foi educada a seguir, com ânsia e sem querer o resultado final de verdade. Perdendo o tempo que não tem, mesmo em seu estado ocioso. Procurando pelo momento de fazer as confissões, ou fazer coisas mais estranhas, o momento exato, aquele que nunca existe, igual ao momento perfeito, aquele que nunca chega, mesmo que desejoso, porque o desejar não se realiza no pensar. Viver um eu que é só dos outros, sem covardia no final, porque apesar de tudo, foi divertido. Mas sábado foi uma droga.
<< Home