Meus delírios, divagações, realidades e esquizofrenias, a quem interessar possa. Se viestes até aqui por bem, ego venia divinus indulge. Se por mal viestes, qui unum manus imprecatio divinus indulge. Danger: "Reperio scrobis et doli". Os comentários relativos aos posts deste diário são de responsabilidade dos visitantes, bem como condutas impróprias de clonagem de identidade em outros sites. Dúvidas, reclamações, declarações de amor? Email-me.

28 fevereiro 2008

Untitled

Eu tenho uma máquina de costura. Eu já sei como ela deve ser manejada, e sei que se eu usar o ponto de ziguezague, tenho que pedalar devagarinho, porque senão ela se irrita e arrebenta a linha, e eu perco mais tempo refazendo do que se tivesse ido com mais calma. Essa calma toda que ela me força até me faz bem, e dá vontade de tomar chá de pomar, enquanto eles ficam ali em cima da mesa, me olhando, buscando carinho. Já aprenderam a não brincar com os rolinhos e fios. Eles possuem uma calma exata nestas horas. Nem me preocupa, quando estou ali, o tempo que ainda vai levar para minha vida começar a deixar de terminar. Sério, é um momento sublime, esse durante o horário comercial, assim, em silêncio, em casa, criando, mexendo, não ouvindo nem a conversa doida da minha cabeça. Tantos paninhos coloridos, apliques, e vou amontoando a casa de coisinhas assim, e achando linda as flores lá em cima que esqueci de botar fora, todas sequinhas numa garrafa de vidro, do lado daquelas velas de um casamento que eu não fui. Gavetas cheias de coisinhas que um dia serão outra coisa, e muito vermelho, cerejas e joaninhas. Mas e as promessas e perfumes excitantes que ainda desejava? Ah, máquina dos infernos, estás de complô comigo e eu pensando que eras minha amiga! Só te digo uma coisa, querida: coisas muito coloridas têm cara de criança, ou de prostituta.