Meus delírios, divagações, realidades e esquizofrenias, a quem interessar possa. Se viestes até aqui por bem, ego venia divinus indulge. Se por mal viestes, qui unum manus imprecatio divinus indulge. Danger: "Reperio scrobis et doli". Os comentários relativos aos posts deste diário são de responsabilidade dos visitantes, bem como condutas impróprias de clonagem de identidade em outros sites. Dúvidas, reclamações, declarações de amor? Email-me.

03 janeiro 2008

Perfeição Estática

Chove em São Paulo, todos os dias. Na virada do ano tive companhia no vôo. P voltava de São Leopoldo, onde havia passado o Natal. Nada é por acaso. À meia-noite sobrevoávamos o litoral de Santos, e após a contagem regressiva da tripulação, pudemos baixar a altitude de forma que os fogos em toda a costa da praia nos brindaram com um espetáculo interessante. Descanso de alguns dramas e loucuras, e tento evitar ao máximo a introspecção e as memórias, mas durante a noite é mais difícil escapar de nossa própria cabeça. Terminei um livro ontem e devo começar outro hoje, dentre alguns que adquiri aqui. Não sei se começo com o D.H. Lawrence, que desejava há tempos ou com alguns estudos, com um livro catálogo que comprei na Pinacoteca ontem, maravilhoso: "Dor, Forma, Beleza - A representação criadora da experiência traumática". Também um da gaúcha Élida Tessler, onde o conceito "memória" incrustrado nos objetos dispostos se mostra de alguma forma tocante, mexendo com as nossas próprias lembranças. Então (como dizem os paulistas), ontem fui com D "passear". Passamos a tarde na Pinacoteca e depois no Museu da Língua Portuguesa. Quando baixar as fotos, quero tentar relatar algumas das mostras. Difícil está essa coceira cicatrizante das minhas asas. Hoje andamos pelo centro, um verdadeiro pecado a arquitetura toda que ele forma, atirado assim ao lixo, um pecado termos que esconder a máquina fotográfica, um pecado existir uma "Casas Bahia", onde antes havia glamour. E os cachorrinhos? Ah, nem me fale...
Amanhã vamos ver Maluco e Mágico e Simão, o Caolho. No sábado assistiremos Bonecas Diabólicas. São filmes brasileiros, de uma lista grande da mostra "Clássicos e raros do nosso Cinema" (lá no CCBB). Alguns desses filmes são importantes para o trabalho de D., que aliás conheceu pessoas incríveis este ano que passou, infelizmente muitas já esquecidas e falidas, que emocionam-se quando alguém conhece a sua carreira, enchem os olhos de água, oferecem os melhores biscoitos que possuem e quase imploram para que a gente volte, abrindo assim as portas de suas casas cheirando a Lustra Móveis.
Então me vejo assim nestes dias, olhos e ouvidos abertos, tentando desesperadamente alcançar algum tipo de equilíbrio e bom senso. Não sei se é o que preciso ou se preciso disso em função das necessidades dos que eu amo. Fico pensando que se eu fizesse umas sessões de psicanálise talvez me libertaria mais. A minha felicidade é tão fácil de aparecer, mas, e as dos outros, onde encontro? Onde aponto para que a alcancem tanbém? E será real? Estamos todos sentados em gangorras, dificilmente na mesma linha de altura.