Meus delírios, divagações, realidades e esquizofrenias, a quem interessar possa. Se viestes até aqui por bem, ego venia divinus indulge. Se por mal viestes, qui unum manus imprecatio divinus indulge. Danger: "Reperio scrobis et doli". Os comentários relativos aos posts deste diário são de responsabilidade dos visitantes, bem como condutas impróprias de clonagem de identidade em outros sites. Dúvidas, reclamações, declarações de amor? Email-me.

08 julho 2005

Sociedade Epicuréia

A lendária Sociedade Epicuréia foi documentada por Couto de Magalhães em 1859 como uma associação de poetas que buscava viver "os sonhos de Byron". Sua fundação teria ocorrido em 1845, mas há pouquíssimas evidências de sua real existência. Entre os autores cuja obra pode ser filiada à escola, destacam-se Álvares de Azevedo, Andrada e Silva, Aureliano Lessa, Bernardo Guimarães, Bittencourt Sampaio, Castro Alves, Fagundes Varela, João Cardoso de Meneses e Sousa (Barão de Paranapiacaba), M.S. Mafra, Múcio Teixeira, Pires de Almeida, Teodomiro Alves Pereira e Zoroastro Pamplona, entre tantos outros... Suspeita-se de que a S.E. fosse usada por alguns poetas, políticos e alunos de Direito para promover orgias na conservadora São Paulo da época, e não a fim de debater e recitar seus poemas.

Suspeita-se também que uma nova S.E. foi fundada recentemente, nos moldes da anterior, mas potencialmente muito mais promíscua. E onde mais poderia ser? Brasília. O criador e líder seria um senador e eles teriam um harém de mulheres lindíssimas que servem apenas a esse cartel de devassos. A maioria dos energúmenos não sabe quem foi Álvares de Azevedo ou Bernardo Guimarães, nem desconfiam qual o significado da palavra epicuréia, mas usam das vantagens desse clube de delírios privê encravado no Planalto Central. Segundo um debate orkutiano, citado por um dos membros:

"Vou contar uma coisa pra vocês, muito interessante, que gostaria que ficasse entre as infinitas paredes virtuais dessa comunidade. Uma modelo de Brasília me entregou há algum tempo um envelope. Era um convite, mas ela não me disse como conseguiu. Disse apenas que ficou sabendo por uma amiga que eu estava interessado em saber mais sobre o assunto. O envelope tinha um lacre de cera vermelho, aberto, evidentemente. Dentro, havia uma folha amarelada e um livro de bolso. No canto superior esquerdo do papel, dois tridentes cruzados, umas garatujas rococós em volta e no centro um escudo com dois seios cobertos por duas mãos. Nunca tinha visto antes essa marca. No papel estava escrito o seguinte: “Esteja convidado a ingressar, como convidado, na sociedade de Epicuro, Hermarco de Mitilene, Timócrates de Lâmpsaco, Zenão de Sidon e Demétrio de Lacônia, de Filodemo de Gadara, Asclepíades de Prusa e, claro, Lucrécio. De rerum natura.” Não havia assinatura. Na capa do livro, desses pequenos, de bolso, lia-se: “Álvares de Azevedo”, mais embaixo “Macário”. Folheei rapidamente até achar um trecho marcado em vermelho. Satã, ao chegar a São Paulo, diz para Macário: "Tenho uma casa aqui na entrada da cidade. Entrando, à direita, defronte do cemitério." À mão, na margem esquerda do livro, um endereço. Uma casa em Brasília, numa das penínsulas falsas ao largo de um daqueles lagos artificiais. Fui conferir, era uma dessas mansões cinematográficas que só sabemos que existe quando algum jornal publica uma denúncia de enriquecimento ilícito de alguém. Um caseiro me informou que era uma casa alugada para eventos. Ele não tinha trabalhado na noite da festa que constava no convite, mas por R$ 10,00 se lembrou que todos os funcionários tinham sido dispensados".

Tá, e o que tem isso demais? Sabemos disso desde "Brasil, Babilônia", e casas especiais do tipo temos até em Porto Alegre, freqüentadas por políticos, jogadores de futebol e outras personalidades que são capazes de utilizar carros velhos para chegar ao local e não levantar suspeitas. Segundo me falou um taxista, a casa de uma senhora aqui em Porto Alegre estaria desbancando qualquer outro "negócio" semelhante ali no baixo meretrício da Farrapos. No cartão de visitas, algo tipo "João Consertos", para não despertar a ira das esposas.

Só é realmente revoltante que se existir a NOSE, estes senhores se apropriaram de um nome e se utilizaram de uma lenda literária tão rica para uma coisa tão banal. Duvido muito que não seja apenas sexo pago, sem invocar nada de Byron. E revolta também saber quem paga por isso, como todas as orgias que o Planalto Central anda nos brindando.

Ouvindo: BlutEngel.