Além da aparente Melancolia

Estivemos em Portugal ontem.
Sabe aquela nostalgia de sentir saudade de algo nunca vivido? Te ronda o tempo todo...
Uma sensação angustiante e apaixonante para nós, de cultura nova, que nunca viveu um caminhar por ruas medievais. Sem exaltações reais, falo mesmo desta música popular, com cheiro popular, com brisa de vento vinda do mar, de roupas nos varais, de paralelepípedos em ladeira, de amores ardentes por perto, ali na vizinhança, de cadeiras nas calçadas e moças nas varandas.
Indescritível a qualidade deste grupo, destes músicos. Tereza faz o que quer com a voz. Dois violões clássicos, um baixo acústico e um sintetizador. Luzes. Voz. Arranjos belíssimos, muita melodia.
Tudo um pouco baixo demais para nossos ouvidos saturados de porcaria, de volume sem qualidade, de bolo musical. O que te prendia ainda mais, uma obrigação de ouvir e ouvir, como se fosse especialmente para ti.
Se tivesse uma guitarra e uma bateria ali, a voz angelical, mesmo alcançando altas notas, jamais seria ouvida. Nem mesmo os belíssimos violões. A integridade de se ouvir tudo perfeitamente é lindo. Experiência.
Um saco ouvir pedidos de músicas conhecidas, aquelas da trilha da série da Globo, que popularizou o grupo por aqui. Visivelmente constrangidos, Tereza vinha com um sorriso doce nos lábios e anunciava que tocariam música novas. Talvez uma ou duas que conhecêssemos.
Não me contive e ao final de "Faluas do Tejo" e "Haja o que houver" sequei minhas lágrimas.
Fomos embora logo, mas dizem que quem ficou desfrutou de boas conversas com uma amável Tereza Salgueiro, um simpático e muito fumante Pedro Ayres Magalhães e um fã de música brasileira, Carlos Maria Trindade. Conheça mais, muitos vídeos e fotos: http://www.madredeus.com
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