Maria tipo Clarice

Ontem a Ulbra passou o antes proibido e blasfemo Je Vous Salue Marie, aquele do Jean-Luc que a Igreja odiou. Na primeira parte, Maria criança, me lembrou enormemente alguns textos da Clarice Lispector e... eu mesma na mesma fase. Fase de inventar as próprias brincadeiras psicológicas e surpreender as pessoas com assuntos nada convenientes para a idade, fase de ensaiar as próprias danças e viajar muito com sons e experiências visuais ou de provocar dor. Ensaiar a cantoria pelo reflexo do janelão da sala à noite também valia, e ler escondido "As Meninas" e "A Entidade", uns dos proibidos da prateleira.

Não consegui ver o filme todo, provavelmente repete esta semana. Uma coisa é certa: não deve ter nada de mais, neste sentido polêmico - o que não impede de ser uma bela obra - conferirei. O caso é que esta história de incomodar a Igreja monta a fama de qualquer um. Qualquer idiota faz uma música ou um filme contra a Igreja, mas é sempre tão superficial, tipo esta bobagem de Código Da Vinci, ou melhor, tipo este mentecapto oportunista chamado Dan Brown, que nem história estudou direito para escrever tantas sandices.

Existem escritos citados pelo tal como se fossem dogmas da Igreja e da época da famigerada e temível INQUISIÇÃO, como se os ocorridos fossem uma questão puramente religiosa e da Idade Média, quando sabemos que grande parte dos crimes cometidos basearam-se em problemas políticos e sociais, que remetem à Idade Moderna e à Reforma. Longe de mim criticar quem critica a Igreja ou Instituições falidas, mas vamos ter contéúdo, por favor?

"Toda mulher que seduzir um homem para que ele se case com ela, utilizando-se de sapatos de salto alto ou outrosartifícios(...) será castigada com as penas de bruxaria" .
Inquisição, Igreja Católica? Nada. Lei promulgada no séc. XV, pelo parlamento inglês.