Sonho Ecumênico
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E de repente, aconteceu. Foi rápido assim, sem ninguém esperar, sem ninguém combinar. A pegamos pelos cantos do lençol e solenemente caminhamos até o pátio, nem o frio sentíamos subindo pelos pés e pernas nuas. Cavamos, cavamos muito, como um bom cristão deve merecer, sete palmos. Delicadamente descemos o corpo sobre o lençol até lá embaixo. A escuridão nos impedia de ver os olhos, arregalados ainda. Depois de um tempo voltamos. Fumei meu primeiro cigarro. Dormimos, finalmente.
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Pela manhã as Irmãs se assustaram e perguntaram dela. Respostas evasivas bastaram. Como era a mais velha, fui chamada ao gabinete para explicar. Não estavam nada zangadas, nem podiam. Tinham a deixado lá conosco para morrer mesmo, ao invés de deixá-la na enfermaria, perto demais dos alojamentos delas. Depois de uma ou outra resposta curta, pedi licença. Explicaram que fariam tudo certo, até com uma cruz de ferro forjado. Dei de ombros.
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Quando já estava saindo pela porta ouvi a Madre: "Filha, a que horas ela...silenciou de vez?"
Pensei um pouco: "Não sei bem senhora, depois de uns 4 palmos de terra não ouvimos mais nada...".
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