Meus delírios, divagações, realidades e esquizofrenias, a quem interessar possa. Se viestes até aqui por bem, ego venia divinus indulge. Se por mal viestes, qui unum manus imprecatio divinus indulge. Danger: "Reperio scrobis et doli". Os comentários relativos aos posts deste diário são de responsabilidade dos visitantes, bem como condutas impróprias de clonagem de identidade em outros sites. Dúvidas, reclamações, declarações de amor? Email-me.

31 outubro 2006

Bodas de Papoula

Halloween + bodas de Papoula = 8 anos.

Convém às pessoas soturnas
só trajar roupas escuras
(nem em festivo domingo
uma cor que lembre o dia).
Na lapela, ao lado esquerdo,

tarja de luto perpétuo;

presa à gravata noturna,

uma
papoula sombria.
Ter oculto na algibeira
um relógio
que parou
num dia de sexta-feira, 13,
na hora em que seu corpo
a morte virá buscar.
Com ar de quem vai à forca

de capa e chapéu fúnebres,

com negros sapatos rotos

nas quedas e descaminhos,

seguir todos os enterros,

a alça do caixão na mão.
Mudar a verde esperança
pelo roxo das mortalhas,
cultivar flores malditas,

reinventar desesperos.
Gravar na pedra do espelho

a face podre do mangue,

tingir as mãos de vermelho

que é a cor da cor do sangue.

Com olhos sempre inclinados

escavar o duro chão
- os sete palmos de terra -
herança de Deus aos homens

desde o tempo da criação.