Meus delírios, divagações, realidades e esquizofrenias, a quem interessar possa. Se viestes até aqui por bem, ego venia divinus indulge. Se por mal viestes, qui unum manus imprecatio divinus indulge. Danger: "Reperio scrobis et doli". Os comentários relativos aos posts deste diário são de responsabilidade dos visitantes, bem como condutas impróprias de clonagem de identidade em outros sites. Dúvidas, reclamações, declarações de amor? Email-me.

05 maio 2005

Padrinho

"- Não posso mais cantar, aconteceu algo na minha garganta, e os doutores não sabem o que é.
A voz de Dom Corleone tornou-se grave.
- Você sempre foi um bom afilhado, sempre me respeitou muito. Mas onde estão os seus outros velhos amigos? Num ano você anda com uma pessoa, no outro ano com outra. Aquele rapaz italiano que era tão engraçado no cinema teve má sorte. Você nunca mais o viu, porque você era mais famoso. E onde está o seu velho companheiro que freqüentou a escola com você, que era seu parceiro de canto? Nino. Ele bebe demais por frustração, mas nunca reclama. Trabalha duro dirigindo o caminhão de cascalho e canta nos fins de semana para ganhar alguns trocados. Nunca diz nada contra você. Você não podia ajudá-lo um pouco? Por que não? Ele canta bem.
- Padrinho, ele não tem talento suficiente. Ele é bom, mas não é excepcional.
- E você, meu afilhado, você agora não tem talento suficiente. Quer que eu lhe arranje um emprego no caminhão de cascalho com o Nino? A amizade é tudo. A amizade é mais do que talento. É mais do que o governo. É quase igual à família. Jamais se esqueça disso. Se você tivesse levantado um muro de amizades, não teria de me pedir ajuda."
(O Poderoso Chefão me fez perder a parada após a fisioterapia. Fui parar lá na Farrapos...)